Cerveró diz que fez só um 'treinamento' de discurso
Dida Sampaio/Estadão
"Nestor Cerveró"
O ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró - apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como um dos responsáveis por prejuízos à União com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA) - negou que tenha tido acesso prévio ao questionário de senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobrás, que ocorre no Congresso.
A denúncia foi feita pela revista Veja, em sua última edição. A revista se baseou numa gravação de autoria não informada, que teria sido feita no dia 21 de maio. Nela, o chefe do escritório da Petrobrás em Brasília, José Eduardo Barrocas, e um advogado da estatal, Bruno Ferreira, conversam com um homem não identificado sobre as perguntas que poderiam ser feitas a Cerveró no depoimento à CPI da Petrobrás, marcado para o dia seguinte.
O ex-diretor afirma ter passado apenas por uma espécie de "media training", exercícios de postura e discurso, comumente realizado com executivos de grandes empresas, nesse caso patrocinado e a convite da Petrobrás, dias antes de audiência no Senado.
Cerveró evita falar diretamente com a imprensa. Toda comunicação ocorre no Congresso, ou por meio de seu advogado, Edson Ribeiro, em notas oficiais. Com isso, o advogado diz que pretende evitar que o caso de Pasadena e as acusações a Cerveró sejam utilizados para fins políticos e eleitoreiros.
O texto divulgado após a última denúncia envolvendo a Petrobrás informa que "Nestor Cerveró foi convidado e participou de um media training comportamental, oferecido pela Petrobrás, realizado no Rio de Janeiro, em hotel no bairro da Barra da Tijuca, não tendo recebido nenhum questionário com perguntas e respostas sobre o processo de aquisição da Refinaria de Pasadena".
Questionado sobre o dia e local do media training pelo Estado, Ribeiro disse que Cerveró não soube informar. Assinado por Ribeiro, a defesa do ex-diretor alega ainda que Cerveró está sendo usado como "bode expiatório" no caso Pasadena e, por isso, seu trabalho é demonstrar à Comissão de Ética da Presidência da República e à Comissão Interna da Petrobrás que o ex-diretor agiu de "boa fé".
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