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quarta-feira, 4 de março de 2015

Rogério Jordão

‘Ajuste’ põe (quase) todos contra Dilma

Dilma Rousseff durante entrevista no Palácio da AlvoradaDilma Rousseff durante entrevista no Palácio da Alvorada

Como uma Caixa de Pandora destampada, do saco do ‘ajuste’ não para de sair maldades. O fim das desonerações na folha de pagamento – uma medida provavelmente até necessária — foi a última delas. Na mesma semana se anunciou o reajuste de mais de 20% nas contas de luz.
O resultado é que (quase) todos ficaram contra Dilma. Por ironia do destino, os poucos que vem a público, via imprensa, falar bem das medidas são justamente aqueles que apostaram no clima anti-Dilma durante a campanha eleitoral: o chamado “mercado”. Se há alguém de fato otimista no Brasil, são os credores da dívida pública – é para eles que o ‘ajuste’ é feito. Para que a dívida pública brasileira, que consome algo como 10 Programas Bolsa Família/ano, continue pagável. Para quem lucra com a dívida e com os juros, está ótimo, é para isso que serve o superávit primário e o “fazer a lição de casa”.
De resto, vai se armando uma coalizão social contrária a Dilma que passou a reunir os empresários da FIESP (mordidos com o fim das desonerações), os sindicalistas da CUT (preocupados com a restrição no acesso a direitos trabalhistas como o seguro-desemprego), para não falar de todo o povo das redes sociais que pede o impeachment.
Tudo isso vem se refletindo no crescimento da impopularidade de Dilma apontado por pesquisas e também nas ruas, aonde se protestará contra tudo e todos nos próximos dias 13 e 15 de março. Nesses termos os caminhoneiros em greve formaram uma espécie de vanguarda do que virá por aí: cada grupo organizado pressionando o governo com o que tem a mãos para pagar o mínimo possível do custo do ajuste. A categoria não conseguiu baixar o preço do diesel, mas levou em troca uma lei e promessas futuras.
Nessas horas quem grita mais, pode mais. Já a turma dos bancos não precisa gritar: basta um arquear de sobrancelhas.
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